Deliberações ingénuas do umbigo. Pode um homem revoltar-se sem armas?

terça-feira, julho 08, 2003

Para o João: Lembro-me da última vez que vi o João, sim foi a última, porque hoje o João morreu. O João foi meu colega na escola, na preparatória. Ele um ano chumbou e ficou para trás. Eu continuei a estudar e mudei-me para a cidade, ele ficou na nossa terra, a trabalhar com o pai. Um dia fiquei gravemente doente, o João também. A minha doença teve cura. A do João não. E foi nessa altura que vi o João pela última vez. Ele perguntou-me como é que estava, ao que eu respondi que já estava bem, que tinha sido só um susto. E a seguir perguntei eu como é que ele estava, ao que ele me respondeu que já estava bem, que tinha sido só um susto. A mentira estava-lhe estampada no rosto e via-se-lhe o medo nos olhos. Ainda hoje não conheço palavras de despedida para quem tem o destino escrito numa folha de papel. Por isso Hoje me despeço de ti, João, com o mesmo Até Amanhã da última vez que te vi.

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