Deliberações ingénuas do umbigo. Pode um homem revoltar-se sem armas?

sexta-feira, abril 22, 2005

25 de Abril de 2005

Vinte e cinco de Abril de 2005, 31º aniversário da Revolução de 25 de Abril. As grandes comemorações estão guardadas para os números redondos. 31 não é um número redondo, portanto, para este ano, nada de comemorações carregadas de grande simbolismo, nada de ABRIL É EVOLUÇÃO.
Pois então como celebrar o 25 de Abril fora dessas datas? Não há receitas para celebrar a Liberdade! Porque hoje ninguém silencia consciências e impede vontades. Hoje não há polícias do pensamento, nem brigadas que fazem cumprir os bons costumes. Porque hoje somos livres!
Ontem, lá longe no tempo, mas não na memória, havia um livro que era a grande e única verdade que se podia aprender. Ontem pagava-se licença de porte para se ter um isqueiro. Hoje os livros não ditam uma só voz e não se censuram, e até os isqueiros são livres. Temos um legado que se completa, mas que não se acaba, todos os dias.
Que consequências tem o dia da liberdade para nós? Muitas! Desde do Serviço Nacional de Saúde à participação dos alunos nos órgãos de gestão das universidades, a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia à instituição do Estado Social, da redução drástica da mortalidade infantil ao grande aumento da esperança de vida, passando pela enorme redistribuição de rendimentos e mesmo de riqueza e acabando na massificação do acesso à educação. Tudo porque “Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade livre, justa e solidária”.
Temos hoje todo um sistema social representativo que permite uma grande cidadania activa. Cabe-nos a nós, novas gerações, melhorar todos estes mecanismos que foram criados e estão à nossa disposição. E é com o livre exercício dos direitos fundamentais dos cidadãos que se celebra o 25 de Abril. Assim perpetuamos e honramos o sonho de quem ousou ser livre e soube dizer não a um poder prepotente, que humilhava ao subjugar um país a uma vontade castradora. Aprendamos nós também a sonhar e a saber quando temos de dizer não. Não à ignorância. Não à iliteracia. Não à redução do número de estudantes nos órgãos de gestão das universidades. Não ao aumento das propinas quando o nível do ensino superior não as justificam. Não aos atrasos nos pagamentos das bolsas. Não às alterações do calendário escolar que prejudicam os alunos. Não ao incumprimento do estatuto do trabalhador-estudante. Não às elevadas taxas de insucesso escolar. Não à apatia que leva os alunos a não participar nas Reuniões Gerais de Alunos. Não à fraca participação dos alunos nas actividades culturais. Não à inexistência de critérios de correcção dos exames. Não aos regimes de prescrições. Não ao desmantelamento dos direitos sociais. Sim ao sonho de um mundo melhor.

1 comentários:

Anonymous Anónimo said...

Há aqui coisas das quais eu não partilho a mesma opinião.
Os regimes de prescrições é uma delas.
Note-se que há quem pratiacmente já faça da Universidade a sua casa.
Há um lado muito perverso nisso.
Conheço alguns maus exemplos.
O problema acho que não está nas prescrições em si mas na forma no tempo médio que um aluno tem para acabar um curso.
Concordo que as A.A. devam lutar pelos interesses dos alunos mas também deves concordar por aquilo que conheço de ti que há quem goste de ser um eterno estudante.
Quanto à liberdade. Será que a conquistámos MESMO?
Coloco as minhas reservas. Fala-se de forma corrente que por exemplo ao nível profissional e de carreiras que só sobrevive quem tem a cunha ou o arranjinho.
Não me quero posicionar como um mendido ou o perseguido do costume mas já o senti na pele.
Esta liberdade devia levar mais a sério os critérios de oportunidade. Só assim seremos todos cidadãos portugueses que nos seus lugares, tenham todos o mesmo ponto de partida.
É isso que ainda me enoja nesta liberdade.
Apesar de discordar em alguns pontos achei interessante esta tua abordagem.
Abraço e bons caminhos.

4 de abril de 2006 às 17:39

 

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